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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sexta.


Nem todo mundo, meu caro Lulu, espera alguma coisa de um sábado à noite; só os que perderam a noite de sexta. A sexta-feira é, sem dúvidas, o melhor dia da semana, a rainha do calendário. Nem os domingos em que o Flamengo goleia ou as segundas pós-goleadas chegam aos pés das sextas.

É na sexta-feira que a mulherada, seja para ir à boate ou à padaria, se veste com a roupa mais sensual do armário, saca o olhar mais fatal do repertório e anda com o rebolado mais apoteótico que existe. É a esperança da sexta-feira que nos move no restante da semana. A noite de sexta é inversamente proporcional à manhã de segunda e se não nos suicidamos nesta é porque não queremos perder aquela.

Engana-se, porém, quem crê que só de felicidade é feita a sexta-feira. A sexta é como uma sereia: nos atrai com seus encantos, mas quer mesmo é nos levar para o fundo do poço. Só quem tem a malandragem de Odisseu - e já dizia Odisseu, lá na Odisséia, malandro que é malandro não bobéia - consegue passar ileso por todas as sextas-feiras da vida.

A sexta-feira, resumindo, não é para os fracos. Destruidora de lares, dietas e promessas de sobriedade, ela chega toda semana, de mansinho, tentando te arrastar para o fundo do mar da esbórnia.

Não é à toa que os Maias previram o fim do mundo para uma sexta-feira.

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