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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Rua deserta



Tudo é tão quieto lá fora
Nenhum pio, nenhum ruído
Que possa nos perturbar

Um deserto imenso lá fora
Só o amarelo das luzes dos postes
Dos elétrons que zunem no ar

Tudo adormece lá fora
Nenhum ser vivo além de mim
Acordado pra assistir o dia raiar

Tão frio e ermo lá fora
Aqui dentro o calor do seu sono
Que ressona pra me dispersar

Dá vontade de sair correndo
Ganhar essa rua que já é só nossa
Talvez de mais um cão ou dois

Não te dá vontade de gritar?
E ver todas as janelas da vizinhança
Acendendo uma por uma só pra espiar

E todo o caos urbano seria nosso
Espólios da madrugada que já vai morrer
Sem ninguém pra nos vigiar

Talvez exista um gato ou dois
Que pule o muro e roce seu rabo peludo
Na sua pele morena, só pra te arrepiar

Tudo é tão distante lá fora
Antes do despertador tocar
Você sempre me abraça um pouco mais.

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